As estatísticas que nos envergonham
Portugal registou uma das maiores taxas de homicídios de mulheres da Europa vítimas de crimes passionais, facto que só nos envergonha como povo civilizado que tenhamos obrigação de ser, neste dealbar do século XXI em que as mulheres já não deveriam ser consideradas propriedade de ninguém.
O facto de sermos um povo com pouca educação cívica, machista, e misógino, faz com que estes rátios de homicídios sejam alarmantes e preocupantes, necessitando que como povo façamos uma reflexão profunda, começando por não pactuar com qualquer tipo de violência nem no namoro, nem posteriormente com a endémica violência doméstica, fruto principalmente da nossa passividade, refletida num dos provérbios portugueses mais populares, que refere explicitamente que “ entre marido e mulher não metas a colher”.
Termino esta crónica referindo que o recente acórdão do juiz Neto de Moura, citando pequenos trechos Bíblicos do Antigo Testamento, para justificar o comportamento violento anormal, dum marido alterado por um caso de adultério e consequentemente reduzir-lhe a pena, é um acórdão misógino que nos deveria envergonhar como povo.
Como Católico e como Cristão que sou, gostaria ainda de referir que o Novo Testamento, altera profundamente as passagens Bíblicas citadas, contrapondo sempre à violência o amor e o perdão, mesmo em casos como o citado.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva.
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