Afinal somos um país republicano, que na sua essência parece continuar a ser monárquico, com as televisões portuguesas a transmitirem em direto, as cerimónias fúnebres da Rainha de Inglaterra, a Rainha que personifica a nossa mais antiga aliança, que durante alguns anos nos assumiu como um protetorado seu, com as audiências sempre a justificarem essa transmissão incessante, tendo este acontecimento até conseguido, que se tenha deixado de falar da crise energética, da guerra da Ucrânia.
Francisco Lucas Pires, há vários anos, escreveu uma crónica em que expressava essa opinião, referindo-se ao facto da maioria dos Presidentes da República envergarem uniforme militar, até à data da sua prematura morte, à semelhança dos reis, ou em minha opinião, mesmo os mais laicos e republicanos presidentes civis eleitos e amados pelo povo, para o conseguirem, assumiram nalguns casos comportamentos majestáticos, e noutros um extraordinária ligação ao povo através dos afetos, como se vê na Monarquia Inglesa.
Costumo afirmar que o Estado Português é singular, pois não sendo Constitucionalmente Católico nem Monárquico, tanto o representante da Igreja como o herdeiro à coroa têm um lugar relevante em cerimónias de acordo com o protocolo de Estado.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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