De muitas fibras é construído o percurso que traz o artista visual Ricardo Passos desde 1963. Lisboa, onde trabalha na área do design gráfico, é também cidade onde vive apaixonado pelas artes plásticas.
As noções de equilíbrio visual aliadas à sua expressividade e sensibilidade, resultam no recorrente afastamento da representação convencional. A busca de um universo utópico – e por vezes distópico – na sua singularidade, torna-se o grande motivo da sua criação. Assim, a exuberância, o romantismo, a crueldade ou o sonho, são as temáticas trabalhadas.
Sobre esta mostra, FLORESTAS SUSPENSAS diz-nos Beatriz Passos:
O reflexo dos tempos entra de rompante, orgulhosamente arrogante. Qual títere perverso. Intrínseca está em nós a necessidade de romper, explorar, reinventar… E é ela quem impede a transformação da maldade em realidade.
No âmago existe o verde. Deixamos a demência e seguimos direccionados à e pela mãe, que nos agasalha e liberta naquele lugar onde podemos dormir. Acordamos e não vemos ninguém. Estamos em cubos fechados, mas dentro dela. E ela, dentro de nós. Afinal, quem somos nós se não também o que é ela?
A biofilia é um conceito que defende a natureza como fonte no desenvolvimento de analogias entre esta e a vida humana, recusando a separação entre ambas – pois frequentemente tendemos a distanciar-nos, recusando assim a pertença, seja por arrogância ou imbecilidade.
Hoje e aqui o amor é o guia de atracção por tudo o que tem vida, mantendo-nos conectados, na mesma linhagem, e por isso vivos, também todos os que corroboram a distância e a diferença.
Falamos, por isso, de uma relação tão emocional que ruma ao inconsciente, permitindo, de tão intrínseca, esquecermo-nos da sua existência. Mas identificamos a biofilia simultaneamente como a necessidade de procura da vida no seu sentido literal. Pensando numa realidade ancestral, identificamos esta conexão de modo não apenas emocional, mas sim como uma forma de sobrevivência.
O nosso amor natural pela natureza ajuda a sustentar a vida.
As Florestas Suspensas querem cortar o espaço em preto entre o urbano e o natural, entre o betão frio e a terra quente. Espaço este que se desenrolou pela evolução, pela alienação do rectângulo luminoso que cabe nas nossas mãos, pela dependência daquele cubo fechado em que vivemos dentro dela, mas onde não vemos ninguém.
A exposição de pintura e escultura “FLORESTAS SUSPENSAS”, decorrerá na Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva, Galeria Municipal Orlando Morais, terá a sua abertura no próximo dia 10 de Setembro pelas 18 horas e estará patente ao público até 9 de Outubro
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