Mafra foi o resultado duma megalomania de um rei, que tinha muito dinheiro proveniente do Brasil.
Passados trezentos anos, malgrado alguns“ liftings” na fachada principal e envolvente, o
conjunto arquitetónico, como um todo está a caír e a morrer aos poucos, por ter deixado de
ser habitado vivido, como no passado recente. Os 110 militares que atualmente ocupam o
convento, infelizmente, não têm capacidade, nem o comandante tem dinheiro para a
manutenção do edificado de que é usufrutuário. A Câmara Municipal de Mafra, o Tribunal e a
PSP foram para edifícios mais modernos, mas não mais bonitos, e o Palácio não tem dinheiro
nem Pessoal para tratar do edifício, que lhe está confiado, nem para abrir novas salas com o
espólio que está a apodrecer no torreão Norte e noutras arrecadações.
O várias vezes prometido, pela Câmara e por sucessivos Governos, Museu da Música tarda em
ser transferido de Lisboa para as antigas instalações da Câmara no edifício, por manifesta falta
de vontade política.
Em minha opinião só existe uma solução para salvar o conjunto arquitetónico do Palácio
Nacional de Mafra, conseguir que este consiga gerar verbas suficientes para a sua sustentação,
através: da abertura de mais salas com o património em acervo, que inclui uma magnífica
coleção de tapeçarias e estátuas em gesso da antiga real escola de escultura de Mafra; duma
eficaz promoção turística nacional e internacional; da sua abertura diária, incluíndo todos os
Domingos e Feriados ; da cobrança de bilhetes na Basílica; da promoção de diversas atividades
culturais como concertos periódicos, e exposições de artistas de renome nacional internacional;
do aluguer das suas salas para eventos e casamentos; e do recurso ao mecenato cultural duma
forma intensiva.
È claro que para que tudo isto possa acontecer o Palácio teria de haver uma gestão
centralizada, “quiça" privada, pois o facto de nele mandarem quatro entidades diferentes, não
ajuda em nada à sua preservação, dado que todas têm visões diferentes e distintas do deu
presente e do futuro; bem como necessitaria de contratar mais pessoal especializado e
indiferenciado.
Uma eventual parceria com a Faculdade de Belas Artes, para a reabertura da antiga Escola de
Escultura Nacional, bem como a abertura de cursos de formação profissional em Mafra, na área
da escultura, para a formação de canteiros, e restauro, poderiam também ser muito úteis para
evitar a degradação de todo o edificado.
O Palácio está decrépito.. É preciso agir com rapidez para evitar a sua degradação, para que
consigamos que esta nossa pérola do Barroco, em vias de ser classificada como Património da Humanidade, consiga projectar Mafra como destino cultural de Excelência e projectar-se no
futuro.
Uma colaboração de Nuno Pereira da Silva / Coronel de Infantaria na reserva.
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