O Líbano recusou receber o primeiro carregamento de cereais proveniente da Ucrânia, ao abrigo do acordo celebrado na Turquia, alegando que não foram cumpridos os prazos para entrega do mesmo, desculpa inaceitável dado o contexto de guerra que se vive na Ucrânia, com todas as restrições russas que foram impostas desde o início da invasão do país.
O governo libanês afirma que o contrato não foi celebrado por ele, mas por uma empresa civil, tentando livrar-se dessa forma de qualquer responsabilidade no assunto, no entanto, de acordo com as informações que disponho, a Rússia terá exercido o seu poder de influência, uma vez que desde 2015, data que marcou o fim da guerra civil no país, que a Rússia é o país que tem o monopólio do turismo libanês, exercendo por esse motivo grande influência no desenvolvimento económico do Líbano.
A aproximação à Rússia foi-se dando paulatinamente através da Síria, e através dos líderes religiosos e confessionais, que têm sido assediados pelas autoridades russas, para defenderem os interesses russos, viajando com frequência para a federação russa.
A Rússia em conjunto com o Irão têm hoje uma influência significativa em todas as estruturas governamentais e no tecido empresarial libanês.
Quando os EUA decidiram sair do Médio-Oriente para se prepararem para o confronto com a China, deixaram um vazio na região e, como sabemos a estratégia é inimiga do vazio, e alguém ocupará o seu lugar.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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