Geral Opinião

A entrada da Ucrânia na UE, “crónica duma morte anunciada”

Tendo estado presente nalgumas discussões tidas em 2001, que levaram ao estabelecimento do Tratado de Nice, onde pela primeira vez se estabeleceu, com muita resistência, o peso relativo dos Estados-membros da UE, nos mecanismos de tomada de decisão e de representatividade no Parlamento, peso esse que ficou definido ficar dependente da dimensão territorial e da população que o habita, consigo entender a dificuldade dos Estados-membros grandes, em integrar na UE países grandes e populosos, como a Ucrânia e a Turquia, cuja entrada mudaria o “atual status quo” de poder entre Estados.

Sim de poder, pois o problema é sempre um problema de poder relativo entre as potências, que mesmo integradas numa união política como a UE, são mais fáceis de dirimir, pois as constantes reuniões de líderes, a todos os níveis nas estruturas do Conselho, evita muitos mal-entendidos diplomáticos, que no passado, provocaram algumas guerras na Europa, algo que o Reino Unido de Boris Jonhson não quis perceber, e que o tem levado a começar a ter alguns tiques populistas, como o de denunciar unilateralmente um acordo internacional que assinou com a UE, sobre as relações comerciais com a Irlanda do Norte, na altura em que negociou a saída da Instituição, algo que começa a provocar uma desnecessária desconfiança e mal-estar entre europeus.

Pessoalmente, saúdo a entrada da Ucrânia como país candidato à UE, tenho dúvidas que consiga alguma consiga almejar o estatuto de Estado-membro.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma