Sem dúvida que é um ditado muito antigo, mas que se renova facilmente com outros condimentos. Isto passa-se na nossa vida e nos jornais que naturalmente só reflectem a nossa vida.
Confesso que sempre e desde muito menino o desenho foi o meu maior desígnio, ainda não se falava no “design”. Desde o liceu D. João de Castro, que era um caso aparte de alunos e professores, pintura na António Arroio e gravura na Soc. Cooperativa de Gravadores Portugueses, completou o ciclo de formação teórica, para a dedicação permanente às artes- pintura, ilustração, e publicidade. Jornais e revistas, cenários para a televisão, teatro de revista, ópera, e não só, o grafismo de livros, livrinhos, cartoons e outras coisas mais, deram forma prática à aprendizagem teórica.
O mais engraçado disto tudo, o traço de união destas actividades, olhando ao pormenor- é de facto a moda. E tanto na arte, no comer bem, como até no dizer mal, a moda ordena.
No meu tempo, como “os velhos gostam de relembrar”, toda a gente era do contra (era moda) e os jornais que mais vendiam eram fundamentalmente os que diziam mal…tanto quanto podiam, pois a Censura existia e estava atenta.
Os jornais do poder, nada vendiam nem tão pouco eram lidos, eram oferecidos e mesmo assim, só nas salas de espera das repartições públicas eram vistos.
Quando muda um governo- tudo muda- também é moda.
Sem falsas modéstias, este jovem na altura estava “no top dos jornais”. Só porque poucos sabiam como fazer. Passar da escrita ao papel impresso. E de repente tudo era editor. Todos os dias saíam jornais novos.
Hoje tudo mudou, mas os tempos embora outros, seguem da mesma forma a Moda. E a moda impera e comanda as cores, as formas, e o gosto chega formatado internacionalmente. Ficam temas eternos e globais de interesse das grandes massas – O sexo, a violência, o terror, o sangue e a difamação. Existem outros temas que também dependem da moda – a Economia- que arrasta jovens para Gestores empresariais, ainda há pouco tempo era a moda dos gestores. Também as relações públicas já foi moda.
Agora são as relações internacionais. A publicidade, o Marketing e o Design ainda atraem também muitos jovens que fogem da cadeira da matemática. Outros para serem doutores tiram cursos de nenhum interesse e sem cadeiras de estudo, bastando apenas a presença nas poucas aulas- cursos de nenhuma empregabilidade e de interesse e gosto discutível. Apenas para colocarem o Dr no cartão-de-visita. É a triste Moda.
Só quem gosta e presta atenção a estas particularidades da vida, e não anda “empurrado” ou intoxicado pelos relatos da bola, valores de transferências de jogadores, e dos problemas dos videoárbitros, telenovelas e outros entreténs, sente a importância destas cada vez maiores apetências, que podem embrulhar ideias megalómanas para plenas ditaduras e candidatos populistas na verdadeira acepção da palavra.
Veja-se que estão a desaparecer revistas de boa qualidade como a Visão, e jornais diários generalistas que perderam e perdem leitores para jornais diários desportivos, sobretudo de futebol. “Diários” leram bem.
Temos hoje casos, em que sistematicamente se ataca, quem governa, como se fosse crime governar bem. Se alguém decide pintar um muro da esquerda da estrada – logo a oposição clama que não se pinta o muro da direita. É uma desigualdade – é descriminar o povo que vem pelo muro da direita. Até será caso para uma greve.
O que mais irrita a quem assiste independente da força da clubite/partidarite é a intolerância, a raiva, a dor de cotovelo e do querer mandar. É cansativo e mórbido a situação a que se chegou hoje e irá piorar, tudo leva a acreditar.
Vejamos a maneira moderna de aprender- a dita 4ª Classe, hoje pré-escolar e ensino básico, têm outros princípios que não há muita gente com preparação para entender ou discutir, mas os resultados obtidos levam-nos a acreditar que são melhores, mas totalmente diferentes dos que há meia dúzia de anos era entendível. O prazer de ler foi trocado pelos meios de comunicação: Computador/net/ Telemóvel/mensagem/ Redes Sociais/Videochamadas e tudo menos escrever e ler. Está tudo diferente. E é favorecido pelos professores e encarregados de educação. Os meninos não podem ser contrariados.
Ora, recapitulando sem perder “o fio à meada”, como diz o velho ditado – A moda continua a comandar. Não é simplisticamente a moda de vestir, mas está tudo relacionado no grande grupo de pensar, respirar e comer bem.
Comer bem – já não é uma bruta caldeirada, cozido à portuguesa, ou uma feijoada. Agora a moda é comer saudável, Végan, sementes, sumos de gengibre e outros.
O verde dá votos, porque é moda- não é ser do Sporting – é ser da natureza, e a defesa dos animais, também está na moda, exemplarmente podíamos ter um herbívoro de três patas descoberto nas ribas da praia dos pescadores, mas não temos, senão caía por cá o Carmo e a Trindade.
Também a política acabou por ser moda, dado que o 25 de abril abriu a mentalidade a todos, permitindo acesso a lugares que nunca seriam pensados senão a partir de uma certa idade e de alguma condição social, pretensões essas, de toda a justiça, foram totalmente abertas para quem provasse ser capaz.
O que diabolizou esta magnífica abertura a lugares políticos foi a crise que trouxe a falta de empregos, que logo criou um novo sistema de empregabilidade- Nada de cursos, basta se inscrever numa qualquer juventude politica- todos os partidos aproveitaram a ideia para terem jovens a trabalhar à borla, colar cartazes, carregar cadeiras, etc.- todo o serviço- depois, havendo uma vaga em qualquer ministério, para quem se portar bem, poderá mesmo com apenas 17 anos, chegar a conselheiro e ganhar umas boas massas. Ou até subir a Primeiro- Ministro.
O problema- é a falta de capacidade, de humildade para lugares cimeiros e sobretudo o mínimo de educação, ou como se dizia dantes: Falta de chá em pequenino.
É isso, não quer dizer que não se aprenda, mas é difícil depois de lá estar, voltar atrás para aprender.
Ora tudo isto que tentamos dar a conhecer no fundo tem a ligação da Moda e como já se viu- passa de moda e torna a vir outra. Mas não saber ler, e sobretudo interpretar o que se lê, é o mais grave de tudo. Dar erros é mau, porém não será o pior se existir boa educação de valores e humildade para ouvir quem sabe.
As cores da moda variam todos os anos. Qual virá a seguir?
Um artigo de opinião na primeira pessoa
de Helder Martins
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