Geral Opinião

Os principais desafios que se colocam à nova Ministra da Defesa Nacional

Foto: Global Imagens

Vamos finalmente ter um novo governo em Portugal, que embora da mesma cor política que o anterior, vai governar com maioria absoluta, no Parlamento, algo que aconteceu muito poucas vezes na nossa democracia.

Vai ser um governo que terá de lidar com novos problemas e novos desafios, que se colocam nesta altura muito especial, em que o mundo e a Europa estão a sair de uma pandemia, e esperemos que a sair brevemente duma guerra na Europa, com consequências ainda imprevisíveis, para o nosso futuro coletivo como nação.

As consequências da guerra na Europa vão refletir-se na necessidade de Portugal ter de investir substancialmente mais em segurança e defesa, devendo participar mais nos projetos de cooperação estruturada permanente em curso, e noutros que venham a ser eventualmente levantados, enquadrados pela Agência Europeia de Armamento, pois esses projetos de cooperação estruturada, têm em vista adquirir novos armamentos e equipamentos tecnologicamente mais desenvolvidos e digitais, em falta na UE, devendo esse processo de aquisição ser desenvolvido internamente na Europa, desde a sua Investigação e Desenvolvimento, em que Portugal deve participar ativamente, até à sua manufactura, onde Portugal deverá produzir componentes desse mesmo armamento, ou seja, o rearmamento da Europa pode ser uma oportunidade de nos desenvolvermos internamente, tecnologicamente e industrialmente, ao invés de ser uma despesa.

Além do rearmamento e do reequipamento das suas Forças Armadas, Portugal terá de repensar toda a sua Política de Defesa, para fazer face à nova ameaça vinda do Leste, nomeadamente com o estabelecimento dum novo Conceito Estratégico de Defesa Nacional, documento que define toda a Estrutura de Forças que vamos ter obrigatoriamente de ter, quer em termos de dimensão, quer em termos de armamento e equipamento.

Um eventual serviço cívico, que também contemple o serviço militar, mas não exclusivamente, terá de ser repensado e deverá ser transversal e obrigatório, para todos os jovens sem distinção de género.

Estes são os desafios que se colocam à nova Ministra, que sendo uma académica, embora com relações profundas à defesa, não tem poder político efetivo no interior do Partido Socialista, facto que fragiliza muito a sua posição, neste momento tão delicado.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva