Que vantagens Portugal tirou, depois de estar em operações conjuntas no TO desde o início?
Os EUA após o ataque às torres gémeas, invocaram o artigo V da NATO, o artigo que obriga a que se um aliado for atacado, todos os outros têm de ocorrer em seu auxílio, sendo este o cimento da aliança.
Portugal como todos os outros aliados disse presente, e enviou vários contingentes para o Afeganistão, os primeiros para a ISAF, na primeira fase do Conflito, e os últimos para a operação de Apoio à Reconstrução do País.
Enviámos sempre pessoal para o Afeganistão, desde o início, sem pestanejar. Em contrapartida confiamos, que caso sejamos invadidos, que ao apelar ao artigo V, todos os aliados venham também em nosso auxílio.
Portugal nos seus últimos Conceitos Estratégicos de Defesa Nacional, admitiu pela primeira vez que nunca teria capacidades para se defender sozinho, deixando esse trabalho aos aliados NATO, e já menciona a UE, por esta no Tratado de Lisboa já inscrever no seu clausurado essa obrigação de assistência mútua, em caso de ataque a um dos seus Estados-membros.
Com base nesse pressuposto, Portugal, em termos de planeamento de forças terrestres, conforme definido no citado conceito, só planeia para ter no máximo 9 unidades de Escalão Batalhão, de cerca de 200 a 300 homens cada uma, ou seja, 3 batalhões prontos para atuar no exterior, 3 em preparação e três em processo de recrutamento, e mesmo este número de unidades tem sido motivo de discussões internas, porque o Batalhão de Fuzileiros quando atua, atua como uma força terrestre, devendo contar como força terrestre, e porque há quem o considere, mesmo assim, muito elevado.
Este número de soldados por unidade Escalão Batalhão, é extremamente reduzido, bem como as capacidades que dispõe se for necessário utilizar estas forças num conflito convencional, são Forças para serem utilizadas exclusivamente em missões tipo Peteresberg.
Para além desta estrutura operacional, Portugal deve poder dispor de módulos de apoio de serviços e de apoio de combate, bem como de uma estrutura base para aprontar o seu reduzido produto operacional.
Com tão reduzido efetivo operacional, quase ridículo, a nossa defesa tem obrigatoriamente que se basear na confiança, algo que ficou bastante abalado com a vergonhosa retirada de Cabul, em que os EUA parecem ter-se esquecido do artigo V, o cimento da aliança.
O conceito, agora em revisão, não tem sido vertido em letra de lei, facto que é essencial que venha a acontecer nesta nova versão, pois parece algo que temos vergonha de encarar de frente.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
Adicionar comentário