Opinião

Falando de autárquicas

As eleições autárquicas foram marcadas para 26 de Setembro do corrente ano, pelo Governo da República, o que quer dizer que está aberta a pré-campanha eleitoral.

As inaugurações vão-se suceder, de coisas já inauguradas e que as pessoas já se esqueceram, e de outras realmente novas, com muitas rotundas e rotundinhas acabadinhas de fazer, que parece nascerem no país, como se de cogumelos se tratassem.

Em Portugal e nos municípios em particular, normalmente quem está no poder e se se puder legalmente recandidatar, vence as eleições, a não ser que o seu mandato tenha sido escandalosamente mau, pois os portugueses não gostam e têm até medo de mudar, daí o dito popular “antes este que pior“.

Os partidos sabendo disto só se empenham em conquistar eleições e apresentar candidatos com capacidades para ganhar nos municípios cujos autarcas já tenham efetuado três mandatos consecutivos, o número máximo de mandatos que podem executar.

As eleições autárquicas exigem normalmente que os partidos tenham uma estrutura partidária implantada em todos, ou quase todos, os concelhos do país, o que prejudica os novos partidos de cariz mais urbano, sem presença efetiva na quadrícula.

A maioria das autarquias portuguesas tem uma reduzida dimensão, o que faz com que hajam enormes desperdícios de recursos humanos e financeiros, pois todos querem ter as mesmas infraestruturas e meios.

O facto de não se pensar o país mais regionalmente, ao invés de autarquia a autarquia, impede que não haja uma visão estratégica regional, impedindo por exemplo que hajam: quartéis de bombeiros maiores com maiores recursos e capacidades, com dimensão para realmente atuarem eficazmente em dois ou três concelhos contíguos, impede que se possam planear transportes e escolas integradamente, enfim impede o desenvolvimento sustentável do país.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva