O Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação celebra-se hoje, dia 17 de Junho.
O objetivo do Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação é sensibilizar as populações e governos quanto à necessidade de cooperação mundial no que respeita a desertificação e à seca, assim como sublinhar a importância do respeito da Convenção da ONU de Combate à Desertificação nos países mais afetados pela seca/desertificação (países africanos especialmente). Este dia foi instituído pela ONU em 1994 e foi celebrado pela primeira vez em 1995.
A seca é um fenómeno natural onde se regista um défice de água por um extenso período de tempo, com danos na agricultura, pesca e no habitat dos seres vivos, entre outros. Já a desertificação é a perda da capacidade de renovação biológica das zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas, por ação humana ou variação climática.
O inadequado uso e exploração do solo, a pobreza, a instabilidade política, a desflorestação e as más práticas de irrigação, são fatores que concorrem para a fraca produtividade da terra
Os primeiros registros de desertificação em áreas agrícolas no mundo são de 1930, quando ocorreu um fenômeno conhecido como Dust Bowl no meio-oeste americano. A área atingida fi cou conhecida como a grande Bacia do Pó. Essa área era caracterizada por solos de pouca profundidade, pequena precipitação anual e ventos fortes. Os desmatamentos e a intensifi cação da exploração dos solos por meio da agricultura e pecuária, agravados por forte seca entre os anos de 1929 e 1932, foram as causas principais desse fenômeno. Uma superfície de 388.500 km2 de solo seco foi arrastada pelo vento formando enormes tempestades de pó. O sol fi cou totalmente encoberto e cidades como Washington e Nova Iorque mergulharam na escuridão. Milhares de pessoas morreram de fome ou de doenças pulmonares. A seca obrigou mais de 350 mil pessoas a abandonar a região com destino a outras zonas dos Estados Unidos
A degradação das terras e a desertificação atingem cerca de 33% da superfície do planeta e 70% das regiões com problemas de aridez. A população atingida pelo processo de desertificação varia de 300 milhões a 785 milhões, podendo atingir cerca de 2,6 bilhões de pessoas. A maioria das áreas afetadas pela desertificação no mundo coincide com os maiores bolsões de pobreza nos países em desenvolvimento, onde as consequências são trágicas, particularmente nos países africanos.
A água doce é escassa no nosso planeta: apesar de 70% do planeta ser coberto de água, apenas 3% dela no planeta é de água doce. Desses 3%, 70% encontram-se em geleiras, 29% em aquíferos (alguns sem fácil acesso), 0,9% em outras composições e apenas 0,3% em rios e lagos. A ONU estima que 1 bilhão de pessoas no mundo não tem um abastecimento de água suficiente. Além dessas causas citadas acima ainda há problemas com desperdício de água. Vazamentos e uso não consciente contribuem, e muito, para a escassez de água no mundo.
O local mais seco do mundo é o deserto do Atacama, no Chile. Nele, cidades como Iquique e Antofagasta só vêm chuva forte uma ou duas vezes por século! No município de Arica, um dos mais secos do deserto, a média de chuvas não ultrapassa 0,5 milímetro por ano – Para efeito de comparação, uma tempestade normal no Rio de Janeiro faz cair 10 milímetros em apenas uma hora.
O aumento da produção de alimentos, energia e outros recursos naturais provocado pelo crescimento da população e da densidade populacional, implica no cultivo de novas terras, quase sempre com menor capacidade de suporte ou, o mais comum, no aumento da intensidade de cultivo das terras já cultivadas, contribuindo para a ocorrência de desertificação.
Causas da desertificação
De maneira geral, como causas da desertificação podem ser apontadas:
- Sobreuso ou uso inapropriado da terra;
- Desmatamento;
- Utilização de técnicas agropecuárias impróprias;
- Exploração descontrolada de ecossistemas frágeis;
- Queimadas;
- Mineração;
- Uso excessivo de agrotóxicos;
- Poluição;
- Secas;
Consequências da desertificação
- Redução das áreas cultivadas;
- Diminuição da produtividade agropecuária das áreas afetadas;
- Redução dos recursos hídricos;
- Aumento da poluição hídrica;
- Aumento das cheias;
- Aumento de areia nas áreas afetadas;
- Destruição da fauna e da flora;
Essas situações relacionam-se à questão ambiental, contudo devemos lembrar que existem também os impactos de ordem social e económica das áreas afetadas, como:
- Migração descontrolada para as áreas urbanas;
- Desagregação familiar devido ao êxodo;
- Crescimento da pobreza;
- Aumento das doenças devido à falta de água potável e subnutrição;
- Perda do potencial agrícola;
- Perdas de receita econômica
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