Voltámos finalmente a vacinar contra a Covid 19, com a vacina da AstraZeneca que, por
precaução, foi suspensa em vários estados-membros da União Europeia. À primeira vista não percebi o imbróglio levantado, pois foram de tal maneira estranhas as razões elencadas para a suspensão, como o foram para a retoma, tendo nalguns aspetos assemelhando-se mais a uma cena rocambolesca, mais digna duma ópera bufa, do que a um assunto sanitário sério e grave, que no limite pode ter provocado algumas indesejáveis e inglória mortes dalguns pacientes.
Analisando melhor, percebe-se que as razões elencadas não foram assim tão esdrúxulas, pois a sua génese, é o reflexo duma estratégia indireta de confrontação entre a União Europeia e o seu anterior parceiro, ora divorciado, Reino Unido, não passando de mais uma diatribe pós- divórcio que, embora aparentemente amigável, o não foi durante todo o processo de separação.
O Reino Unido, até à data, tem conseguido camuflar, a pretexto da pandemia, os desastrosos efeitos que o divórcio com a UE provocaram na sua economia, tendo aproveitado o facto de ter sido em Oxford que se desenvolveu a vacina da AstraZeneca para, estrategicamente, efetuar uma manobra de diversão, com o fim de continuar a desviar as atenções da economia, e simultaneamente, fazendo das fraquezas forças, apelar ao orgulho nacional e ao nacionalismo primário, ao impedir que, a AstraZeneca concretize cabalmente os contratos efetuados com a Comissão Europeia, relativos à disponibilização do número de vacinas.
Esta estratégia de confrontação indireta com a UE, teve como resposta a suspensão da citada vacina, por parte de alguns estados-membros inclusive Portugal embora, como de costume, ao retardatário.
Este tipo de procedimentos, são normais e não passam de pequenas ondas-de-choque características do fim de um qualquer matrimónio, em que as duas partes se enchem de razões e querem dificultar a vida aos seus anteriores cônjuges.
Posso concluir, utilizando um célebre provérbio português, de que vou só desvendar algumas partes, mas que para bom entendedor bastam, relacionadas com o facto do mar ao bater na rocha, tramar sempre a vida do mexilhão
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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